sábado, 31 de janeiro de 2009

(25)-INFALIBILIDADE DA IGREJA

A cidade de Roma, em cujo núcleo se ergue o Vaticano e a catedral de São Pedro, é o centro da cristandade porque é a sede do papa - o chefe da igreja cristã - cujo poder - nas questões ligadas à doutrina e a moral - hoje é praticamente ilimitado, uma vez que no cânone 331 do novo código de direito canônico – editado pelo Vaticano em 1983 e promulgado com a autoridade de João Paulo II – lê-se:
“O bispo da igreja de Roma, que exerce o poder dado pelo nosso Senhor a Pedro, o primeiro dos apóstolos, e que é transmitido a seus sucessores, é o chefe do colegiado dos bispos, o vigário de Cristo e o Pastor da igreja universal sobre a terra. Graças a tal poder, ele exercita a autoridade suprema, completa, direta e universal sobre a igreja, e pode exercer esta autoridade livremente em todos os tempos”.
Esta é uma tradução literal do original em latim - pode ser consultado no Código de Direito Canônico que está à venda em quase todas as livrarias católicas – e no cânone 3 ele diz ainda: “Contra sententiam vel decretum Romani Pontificis nos datur appelatio neque recursus”, cuja tradução é: Não é possível nenhum apelo ou recurso contra uma sentença do Pontífice Romano.
Sempre em relação ao poder do papa, no Cânone 338 continua-se lendo: somente o papa pode convocar os Concílios Ecumênicos aos quais todos os bispos católicos são convidados, tendo ele, ainda, o poder de interrompê-los ou revogá-los se julgar necessário, destarte é de sua inteira responsabilidade aprovar ou desaprovar as decisões ou decretos que nestes são objeto de consenso. Isso significa que os Concílios Ecumênicos ou Universais dos bispos católicos no mundo inteiro tornaram-se exclusivamente órgãos consultivos porque passou a ser do papa a ultima palavra uma vez que ele é a autoridade suprema em tudo o que se relaciona com as questões que se vinculam a doutrina e a moral.
Os sínodos, por sua vez, que têm os poderes voltados para as questões puramente administrativas e são realizados por bispos, por serem bispos, também estão subordinados ao bispo de Roma que mais uma vez è o papa.
O novo Código de Direito Canônico ratifica assim as decisões do Concilio Vaticano I - convocado por Pio IX - que se realizou entre o dia oito de dezembro de 1869 e o dia 20 de outubro de 1870, especialmente no que diz respeito aos decretos da IV seção - aprovados no dia 18 de julho de 1870 - que definem em termos conclusivos a autoridade do papa. Foi nessa famosa reunião que foi solenemente afirmado que o papa é pessoalmente infalível. Eis o texto traduzido do latim:
Nos definimos que o Pontífice Romano, quando fala ‘ex cathedra’, ou seja, como Pastor e Doutor de todos os cristãos, determina uma doutrina concernente à fé e a moral que deve ser aceita por toda a igreja devido a sua Suprema autoridade apostólica, porque ajudado como é por Deus - segundo promessa feita por Jesus a Pedro - goza da mesma infalibilidade do divino Redentor, uma vez que este queria que a sua igreja crescesse com a proteção adequada depois de organizada com a sua colaboração. Se alguém ousar discordar dessa nossa definição que seja excomungado (DenzingerSchonmetzer, Enchiridiuon Symnbolorum et Declarationum de rebus fidei et morum, n. 3074).Isso quer dizer que se alguém não crê na infalibilidade do papa está fora da igreja católica, e se não se arrepende, corre o risco de ir para o inferno.
Ao longo dos séculos em que o papa ainda não gozava dessa infalibilidade, os católicos tinham a opção de não acatar suas decisões pessoais, mas depois que o Concilio do Vaticano I deu a ele plenos poderes - consolidando-os com a infalibilidade - os católicos são obrigados a aceitá-las.
Mas, o que mudou, então? Simples, antes da declaração da infalibilidade do papa a igreja católica julgava a si mesma infalível ao nível das decisões – consensos - tomadas durante seus Concílios Ecumênicos quando nestes se definiam doutrinas relativas à fé e a moral. Vimos isso nas resoluções adotadas no Concílio de Nicéia, e voltaremos a vê-lo no quinto Concílio Ecumênico realizado em 553 d.C - o segundo de Constantinopla - quando o “acerto” entre o Imperador Giustiniano I e o papa Silvério que ele havia nomeado, permitiu que proclamasse livremente seu anátema contra Orígenes de Alexandria.
A declaração da infalibilidade papal deve ter provocado alterações radicais entre o cume e o meio da organização piramidal do catolicismo, mas seus reflexos devem ter sido amenizados antes de chegar à classe sacerdotal. Para o leigo, então, a síntese pode ser resumida assim: o consenso dos bispos - quando participes de um Concilio – renunciou à infalibilidade que possuía e a cedeu ao Papa.
É verdade que no Concilio Vaticano II os bispos da igreja católica foram particularmente colocado em evidencia, mas substancialmente nada mudou em relação ao Concilio Vaticano I conforme se vê na Constituição Dogmática “Lúmen Gentium” - luz das pessoas - sobre a igreja, promulgada no dia 21 de novembro de 1964, porque no parágrafo 25 se lê:
“Desta infalibilidade o Romano Pontífice, chefe do colegiado dos bispos, goza em virtude de seu oficio quando, como Pastor Supremo e Doutor de todos os fieis - que confirma na sua fé como irmãos - define com ato definitivo a doutrina relativa à fé e a moral. Por isso suas decisões são justamente classificadas irreformáveis por si mesmas e não em virtude de um consenso da igreja, não admitindo, portanto, apelos ou outros juízos”.
Contudo, se depois destes esclarecimentos afirmarmos a um teólogo católico que dos textos do novo testamento não se deduz de forma alguma que Pedro – aquele que a igreja católica viria a nomeá-lo o primeiro papa – quando em Roma, tenha exercido a liderança da igreja, e que o famoso versículo do Evangelho de Mateus “Tu es Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” por vários séculos não foi interpretado como hoje o é. E se acrescentarmos ainda que é impossível entender porque foram necessários tantos séculos para que o papa chegasse a ser considerado infalível, com certeza responderá que no caso da infalibilidade papal, bem como de outras doutrinas do catolicismo romano, estas verdades eram contidas implicitamente nas escrituras, mas foram compreendidas pouco a pouco - sempre de forma crescente - até amadurecer nas teologias hoje existentes, da mesma forma que olhando a semente não se vê a arvore que ela contém, porque esta necessita de tempo – depois de plantada - para germinar, crescer e se tornar firme e robusta.
Alem disso o teólogo acrescentará que as Escrituras não são a única fonte de revelação cristã, porque alem delas existe a tradição. É assim que se exprime a este respeito o catequismo da igreja católica no parágrafo 81, citando a Constituição Dogmática “Dei Verbum” (a palavra de Deus) do Concilio do Vaticano II:
“A Sagrada Escritura è a palavra de Deus colocada por escrito sob a inspiração do Espírito Santo. Enquanto à Sagrada Tradição conserva a palavra de Deus que foi confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, e estes a transmitiram integralmente aos seus sucessores, afim de que estes iluminados pelo espírito da verdade, através da sua predicação a conservem, exponham e a difundam. Acontece assim porque a igreja, a qual foi confiada a interpretação e a transmissão da Revelação, alcance a certeza em relação a todas as coisas reveladas e não se atenha só à Sagrada Escritura. É assim que a Escritura e a Tradição devem ser aceitas e veneradas com paridade de sentimento, de piedade e de respeito”.
Essa afirmação reflete o que já havia sido declarado no Concilio de Trento no dia 8 de abril de 1546: que a revelação divina é contida “in Libris scriptis et sine scripto traditionibus”. (Denzinger 1501), no sentido das tradições que são encontradas foras das sagradas escrituras. Defendem a tese que tais tradições contem os ensinamentos que Cristo deu oralmente, mas que por uma razão qualquer não foram reportadas nos Evangelhos.
Estes ensinamentos orais - sempre segundo esta doutrina - foram posteriormente colocados de forma diferente por escrito pelos “pais da igreja”, que como vimos foram os escritores cristãos dos primeiros quatro séculos. De particular importância são considerados os testos dos “pais da igreja” da primeira metade do segundo século.
Mas a verdade é que em vários aspectos as doutrinas da igreja católica, a começar com o próprio papado, são muito diferentes de quanto é possível deduzir das sagradas escrituras, ou de quanto é possível concluir dos testos dos próprios “pais da igreja”. Alem disso, notam-se algumas divergências doutrinais entre o testemunho do novo testamento e as afirmações destes mesmos “pais da igreja”.
Ora, se como dizem os documentos católicos, as duas fontes da Revelação divina – as sagradas escrituras e a tradição – brotaram de uma única fonte, estas diferenças não deveriam existir. Entretanto existem como será demonstrado.
O papa, nos documentos oficiais da igreja é oficialmente chamado “Vicarius Christi” - vigário de Cristo. Mas qual é o significado de Vicarius? Em latim indica quem substitui alguém, toma o lugar de outra pessoa ou representa outro individuo. Nesse caso significa que o papa representa Cristo sobre a terra. Tem-se assim a nítida impressão que o papa poderia dizer a todos aquilo que Cristo disse a Filipe a propósito do seu relacionamento com o Deus Pai. Mas mudando naturalmente os termos da comparação, o papa poderia dizer isso: Quem quer que seja que tenha visto a mim, viu Jesus Cristo, plagiando o Apostolo João:
João 14:9- Respondeu Jesus: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai”.
Sim, todos os papas sempre se consideraram os substitutos oficiais do Cristo na Terra, contudo, em termos históricos, independentemente do nome que assumiram, não se tem noticia de nenhum que tenha sido equivalente aos últimos papas, ou pelo menos “que tenha sido visto e entendido” como hoje o são. Sempre houve bispos na igreja de Roma, mas estes jamais tiveram tanta autoridade em relação à igreja como hoje possuem. Somente o pleno consenso em um Concílio geral - com a participação da maioria dos bispos – tinha essa prerrogativa.
Mesmo assim, de uma forma ou de outra, a igreja de Roma sempre manteve uma liderança importante entre o cristianismo, e a razão é que por séculos, devido ao interesse do império romano, ela reinou absoluta. Seu status não se debilitou nem quando Constantino I deixou Roma e fez de Constantinopla a capital política do seu império.
Podemos confirmar o que dissemos por um importante documento, já citado, que se relaciona com a posição da igreja no império romano: o Edito de Tessalonica emitido por Teodosio I - imperador do oriente, e Graciano - imperador do ocidente, no ano 380. Dois anos depois, em 382, Teodosio concluiu aquele histórico tratado com os Visigodos porque tinha a esperança de poder utilizar suas tropas a serviço do império. Coube a Teodosio, alem disso, ajudar o imperador do ocidente em varias oportunidades, mas o que lhe deu destaque na historia, foi a sua “vitória” sobre o paganismo através do Edito de Tessalonica, que elevou o cristianismo ao status de ser a única religião permitida. O Edito, preservado no código de Justiniano - o imperador que implementou o direito romano no VI século – traduzido para o Português é o seguinte:
“Dos imperadores Graciano Valentiniano e Teodosio ao povo da cidade de Constantinopla. Todas as nações governadas pela nossa clemência, permanecerão com a religião que foi transmitida pelo Apostolo Pedro aos romanos e que hoje é liderada pelo pontífice Damaso e por Pedro, bispo de Alexandria e homem de santidade apostólica, porque acreditamos que - segundo o ensinamento apostólico e a doutrina evangélica - só existe um Deus que subsiste em tres pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, que gozam da mesma dignidade e que constituem a Santíssima Trindade. Ordenamos conseqüentemente aos que observam esta lei de assumir o nome de ”Cristãos Católicos”, enquanto todos os demais, que nos julgamos estúpidos e loucos, devem ser declarados heréticos. Estes serão punidos não só pela ira de Deus, mas também pela nossa autoridade, guiados, que somos, pela sabiedade divina.”
Esse documento confirma que a igreja cristã, cujas portas, em Roma, haviam sido abertas por um decreto, o Edito de Milão, dezenas de anos depois, permanecia sendo uma instituição que, se por um lado a sua fé era alimentada por Damasco - bispo de Roma, e pelo bispo de Alexandria - a segunda igreja em importância, para sobrepujar as demais religiões, as pagãs, permanecia dependente de decretos. Estas, então, passaram a ser perseguida, e para extinguí-las, entre os anos 391 a 392 tiveram seus templos fechados. Desse modo, em 394 d.C. o império havia sido finalmente cristianizado... mas cristãos não eram mais aqueles que se caracterizavam pela fé em Cristo, mas por todos os que tinham entendido - considerando que o cristianismo era a única religião permitida - que se tornar cristão era uma questão de sobrevivência. Mais tarde, como também já vimos, a igreja de Alexandria veio a ser excomungada.
Mas por que razão o bispo de Roma tornou-se cada vez mais importante? Os apóstolos Pedro e Paulo foram para Roma, e nessa cidade desempenharam seu ministério apostólico. Conseqüentemente, como foi em Roma que ensinaram, tudo o era dito nas demais igrejas devia estar de pleno acordo com o que emanava daquela de Roma. A conseqüência não podia ser outra: na mesma medida em que o catolicismo se tornava mais forte, os papas se fortaleceram com ele.
Esse conceito vigorava já na segunda metade do II século, porque o próprio Ireneu, bispo de Lion, na sua obra “contra as heresias” fala da igreja de Roma como sendo a “igreja maior e mais antiga”, alem de conhecida por todos, porque havia sido fundada pelos Apóstolos Pedro e Paulo. Destarte, ele dizia, todas as demais igrejas devem se manter acordadas com esta igreja por causa da sua maior autoridade “(Ireneu, Contra as heresias III,3,2)”.
Leopoldo Ranke, famoso historiador alemão do século passado, afirma no primeiro capitulo da sua obra “historia dos papas” que era uma pretensão efêmera garantir que a supremacia dos bispos de Roma, já depois do primeiro século, era universalmente reconhecida. Mas logo depois acrescenta: temos que reconhecer, entretanto, que os bispos de Roma souberam se elevar acima de todos os demais dignitários eclesiásticos em bem pouco tempo.
A esse propósito existe um importantíssimo documento, tradicionalmente conhecido como “decreto Gelasiano” porque é atribuído a Gelasio I, bispo de Roma entre os anos 492 a 496. Esse documento, dizem, é o resultado de um sínodo romano que se realizou no ano 494, è nele é claramente afirmada a origem apostólica do papado, e contribui para a supremacia do bispo de Roma sobre toda a igreja cristã.
Explicitamente esse documento afirma que, mesmo se a igreja de Cristo, espalhada pelo mundo, é uma só, “a igreja de Roma não foi preposta as demais igrejas por um sínodo eclesiástico, mas recebeu essa supremacia através da própria voz do Senhor e Salvador nosso (Denzinger 350)”
Esse documento se serve do Evangelho de Mateus - como vimos o único que faz esta citação - onde, no versículo 16:18-19, Jesus diz a Pedro: E eu te declaro: tu es Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e todo o que desligares na terra será desligado nos céus.
Existem outras igrejas importantes, mas a de Roma, com o seu bispo, é a mais importante e tem a supremacia sobre todas as demais. Esta é a substancia do decreto Gelasiano. Este conceito doutrinal, ao longo dos séculos, continuou sendo desenvolvido e aprimorado até assumir os contornos que os últimos Concílios Ecumênicos lhe deram.
Os séculos escorreram, e neles, das sociedades cada vez mais distanciadas pelos interesses políticos que historicamente as dividem, brotaram os novos teólogos cristãos, e estes, balizados por suas próprias tendências pessoais - como não havia mais nada de novo para extrair dos Evangelhos em termos de religiosidade - começaram a retirar desses testos aquilo que os “evangelistas” jamais haviam inserido, ou seja, faces políticas. Resultado: no seio da igreja começaram a florescer, então, cisões provocadas por tendências de cunho político. Sem duvidas, a melhor estratégia para controlá-las, foi retirar dos bispos o poder do consenso, nos Concílios, transformando-o na infalibilidade do papa.

Aproxima-se o ano de 1870, que assinalaria a falência da igreja com a declaração da infalibilidade papal, o Catolicismo experimenta provações amargas e dolorosas.
Exaustos de suas imposições, todos os povos cultos da Europa não enxergaram nas suas instituições senão escolas religiosas, limitando-se-lhes as finalidades educativas e controlando-se-lhes o mecanismo da atividade.
Compreendendo que o Cristo não tratara de açambarcar nenhum território do globo, os italianos, naturalmente, reclamaram os seus direitos no capítulo das reivindicações, procurando organizar a unidade da Itália sem a tutela do Vaticano. Desde 1859, estabelecera-se a luta, que foi por muito tempo prolongada em vista da decisão da França, que manteve todo um exercito em Roma para garantia do pontífice da igreja. Mas a situação de 1870 obrigara o povo francês a reclamar a presença dos guardas do Vaticano, triunfando as idéias de Cavour e privando-se o papa de todos os poderes temporais, restringindo-se a sua posse material.
Começa, com Pio IX, a grande lição da igreja. O período das grandes transformações estava iniciado, e ela, que sempre ditara ordens aos príncipes do mundo, na sua sede de domínio, iria tornar-se instrumento de opressão nas mãos dos poderosos.
Observa-se um fenômeno interessante. A igreja, que nunca se lembrara de dar um titulo real á figura do Cristo, assim que viu desmoronarem-se os tronos do absolutismo com as vitórias da Republica e do Direito, construiu a imagem do Cristo Rei para o cume dos seus altares.
Fonte: livro “A Caminho da Luz” pelo espírito Emmanuel
e psicografado por Francisco Candido Xavier.

Infalibilidade... inicialmente a dos bispos nos Concílios, e posteriormente a papal. Segundo ela, por se julgar herdeira do Paraclito, jamais esteve vulnerável a erros, portanto infalível. Mas....
· A mulher, que no velho mundo era enaltecida e endeusada pelas doutrinas pagãs, por ser aquela que por dádiva divina gerava a vida em suas próprias entranhas, nas escrituras sagradas a situação dela é invertida: existe como sub produto do homem - visto que é criada a partir da sua costela - Gênese 1:21, é tornada desprezível, porque é acusada de ter desobedecido a Deus quando, ouvindo a serpente, não somente comeu o fruto proibido, mas fez com que Adão o comesse também –Gênese 3:6, tornando-o responsável pelo pecado original. Com estas premissas, como já vimos, foi descrita a pecadora inconseqüente dos Evangelhos, perdoada por Jesus, rotulada que foi Maria de Magdala, e mais tarde, através dos escritos de Sto. Agostinho de Hipona - 354-430 - e São Jerônimo -342-420 - além de outros santos do V século, foi considerada um ser inferior, tanto no aspecto moral quanto espiritual. Com estes sábios retoques, a igreja disseminou tanto a crença que a mulher era inferior, que alguns teólogos chegaram a discutir se a mulher teria alma ou não. Mulheres, sexo, e corpo humano, foram oficialmente considerados por esta igreja distrações e tentações capacitadas a desviar o homem do caminho espiritual.
· Papa Libério - 325-366 - aderiu formalmente à chamada heresia ariana, aquela que negava a divindade de Cristo assim como foi entendido no Concílio de Nicéia, subscrevendo a profissão de fé, depois chamada herética, do Concílio de Sermio, chegando a excomungar Atanásio que defendia a divindade de Cristo. Tudo isso depois que ele mesmo, anteriormente, havia se posicionado contra a doutrina de Ario.
· Papa Inocêncio I - 401-417 - escreveu ao Concílio de Milevis que os recém nascidos eram obrigados a receber a comunhão, porque se viessem a morrem batizados, mas não comungados, iriam para o inferno. Esta tese acabou sendo anulada pelo Concílio de Trento em 1562 e substituída com a seguinte declaração: o santo sínodo ensina que as crianças que ainda não possuem a razão, não são obrigados à comunhão sacramental da eucaristia. Regenerados e incorporados a Cristo através do batismo, não podem, com aquela idade, perder a graça de serem filhos de Deus que conquistaram. Concílio de Trento, Sess. XXI, cap.IV. No mesmo Concílio, na Sess. XXI. Cap. IV, foi definido: será excomungado aquele que continuar dizendo que a comunhão eucarística é necessária para as crianças antes de terem completado a idade da razão.
· Papa Ormisda - 514-523 - declarou heréticos alguns monges de Shizia porque sustentavam que uma pessoa da trindade tinha morrido na cruz. Depois disso, em 532, o Papa João II declarou que aqueles monges ortodoxos eram pessoas que sustentavam uma doutrina reta.
· Papa Virgilio - 537-555 - em 553, com uma declaração oficial definiu adequados à doutrina católica alguns textos chamados “três capítulos” - que ele mesmo tinha condenado cinco anos antes . Entretanto, no quinto Concílio Ecumênico que se realizou em Constantinopla entre o dia cinco de maio e o dia dois de junho daquele mesmo ano, foi declarado que os textos contidos nos “tres capítulos” eram heréticos. Virgilio, no entanto, só aceitou o Concílio e as disciplinas ali decididas seis meses depois no dia oito de dezembro. Nesta data, ele escreveu ao Patriarca de Constantinopla que reconhecia o seu erro. Portanto, escreveu, o que eu fiz para defender os “três capítulos” está sendo neste momento cancelado através do presente texto. Vide Epistola a Eutíquio, Patriarca de Constantinopla, do dia oito de dezembro de 553).
· Papa Gregório I, dito Magno - 590- 604 - afirmou que depois que o homem dormiu com a sua mulher, não pode entrar na igreja até se lavar e fazer sua penitencia, porque a sua vontade permanece contaminada. O matrimonio em si mesmo não é pecaminoso, mas o sexo entre os cônjuges é sempre impuro. O pecado original, dizia, é a corrupção inata da alma que assume a forma de desejo da concupiscência, a rebelião da carne contra o espírito. Por causa do pecado de Adão, toda a humanidade é suja e danada, como se Adão, o primeiro homem, tivesse contraído uma doença contagiosa e através dela conspurcasse todos seus descendentes.
Contudo, se considerarmos que a igreja afirma que essa culpa é “lavada” pelo batismo, deduziremos que o filho de um casal batizado è limpo. Errado. Gregório explicava que isso era impossível porque a procriação acontece através de um ato sexual, portanto pecaminoso. Assim, se as crianças não batizadas morressem, iam direto para o inferno onde iam sofrer pela eternidade. Esta doutrina depois foi alterada e as crianças que não eram batizadas, em caso de morte, não iam mais para o inferno, mas para o limbo onde não havia penalidade alguma. O mesmo Gregório I afirmou que quem assumia o titulo de bispo universal - Papa -era precursor do anticristo, enquanto Gregório VII, - 1073-1085 - afirmou que o bispo de Roma era e devia ser chamado bispo universal. Suas palavras: “Só o pontífice romano tem o direito de ser chamado universal”. (Dictatus papae, punto 2).
· Papa Adriano II - 867-872 - declarou que o casamento civil era valido, enquanto Pio VII, mil anos depois - 1800-1823 - o condenou.
· Papa Pascoal II - 1099-1118 - e Papa Eugenio III - 1145-1153 - autorizaram o duelo (a luta com armas iguais), mas Julio II (1503-1513) e Pio IV (1559-1565) o proibiram.
· Em 1140, em Lion, região de Proença, França, foi celebrada - depois de um longo período de gestação no Vaticano - a festa da Imaculada Conceição de Maria. Este evento, teve o objetivo de proclamar que Maria, a mãe de Jesus, também tinha sido “concebida de maneira imaculada” por seus pais Ana e Joaquim. Na oportunidade, São Bernardo de Claraval declarou que a nova festividade era algo que os costumes da igreja desconheciam e a razão não comprovava. A inclusão desta nova teologia, a “ Virgem Maria concebida sem pecado”, refletia o dogma da igreja romana de que o sexo, mesmo no casamento, é pecaminoso.
· Papa João XXII - 1316-1334 - em 1331 afirmou que as almas dos santos não eram abençoadas por Deus antes da ressurreição da carne. Esta declaração foi considerada uma heresia e condenada pelo seu sucessor Benedito XII - 1334-1342. O mesmo papa João XXII, na sua declaração “Cum inter nonnullos” de 1323, afirmou: “dizer que Cristo e os apóstolos nada possuíam significa extravasar as escrituras” (citado por Peter de Rosa in Vigários de Cristo, Milão 1989, pág.226). Afirmavam, portanto, que Cristo e seus apóstolos não viveram pobres, contrastando frontalmente com as afirmações de seus predecessores Onorio III, Inocêncio IV Alessandro IV e Bonifácio VIII.
· Papa Sisto V - 1585-1590 - em 1590, fez publicar uma edição da Vulgata (que pessoalmente havia reescrito para corrigir os erros contidos nas edições até então publicadas), declarando: na plenitude do poder apostólico, decreto e declaro que esta edição, aprovada pela autoridade a mim conferida pelo Senhor, deve ser acolhida e considerada verdadeira, legitima, autentica e inconteste em todas as discussões publicas e privadas, nas leituras, nos sermões e nas explicações. Pouco tempo depois da publicação da sua vulgata Sisto morreu, mas o texto por ele publicado estava cheia de erros. O Cardeal Bellarmino, para salvar a honorabilidade de Sisto V, sugeriu ao seu sucessor Gregório XIV - 1590-1591 - que fizesse as correções e reapresentasse a Vulgata ao publico como sendo de Sisto V com as desculpas devidas. Mais tarde, na sua autobiografia, Bellarmino disse: algumas pessoas, cuja opinião tinha grande peso, julgavam que a Vulgata do Papa Sisto V devia ser proibida publicamente; eu não era da mesma opinião e demonstrei isso ao Santo Padre dizendo: ao invés de proibir a versão em questão, é melhor corrigi-la e publicá-la novamente sem prejudicar a imagem do Papa Sisto. Para fazer isso, era suficiente eliminar os textos desaconselháveis e retornar a publicar o volume com o nome de Sisto. Para justificar o ocorrido, era só acrescentar um prefacio explicando que os erros contidos na edição anterior eram decorrentes da pressa dos tipógrafos e de outras pessoas. Isto significa dizer que o Cardeal sugeriu que o Papa mentisse. A Vulgata de Sisto V, depois de corrigida foi publicada em 1592 pelo papa Clemente VIII - 1592-1605 – depois de ter retirado do mercado as copias da Vulgata anterior;
· Papa Paulo V - 1605-1621 - em 1616, fez chamar a atenção Galileu Galilei que sustentava que a Terra, além de se mover sobre si mesma, girava ao redor do Sol. Em um documento do Santo Oficio datado em 25 de fevereiro de 1616 se lê: O Ilustríssimo Senhor Cardeal Millino notificou o assessor e o comissário do Santo Oficio, que entregue à censura dos Padres Teólogos a preposição do matemático Galileu que afirma que o Sol é o centro do mundo e isento de movimento próprio, e que a Terra se move também de movimento diurno. O Santíssimo papa Paulo V ordenou ao Ilustríssimo Senhor Cardeal Millino que chamasse diante de si o pré-citado Galilei, exigindo que abandone a sua opinião. Em caso de desobediência o padre comissário, diante de um escrivão e de testemunhas, deve citá-lo para que se abstenha totalmente de continuar ensinando, defender ou tratar da sua tese. Se não obedecer deverá ser encarcerado. Assim foi feito e Galileu atendeu. Mas dezesseis anos depois, em 1632, quando o para era Urbano VIII, Galileu fez estampar seu livro “Dialogo di Galileo Galilei a respeito dos dois máximos sistemas do mundo: Tolemaico Copernicano” no qual, sob a forma de um dialogo, sustentava as suas convicções. Foi assim que o tribunal da Inquisição o chamou a Roma e o processou, condenando-o por heresia. No veredicto que emanou contra ele em 1633 se lê: Afirmamos, pronunciamos, sentenciamos e declaramos que você, chamado Galileu, pelas coisas deduzidas no processo e confirmadas por ti, tornou-se diante deste santo oficio veementemente suspeito de heresia, ou seja, de afirmar - contrariando frontalmente as Sagradas Escrituras - que a terra, ao invés de ser o centro do mundo, se move sobre si mesma e ao redor do Sol..... E Galileu foi obrigado a jurar sobre o Evangelho: abjuro, maldigo e detesto meus erros e heresias e todos os demais erros, heresias ou seitas contrárias à Santa Igreja. 189 anos depois, portanto em 1822, o papa Pio VII alterou um decreto da Inquisição e reconheceu os tratados de Copérnico sobre a astronomia. Em 1835, as obras de Copérnico, Kepler e Galileu foram finalmente retiradas do índice de livros proibidos.
Estes fatos, que poderiam ser interpretados como aberrações de mentes deformadas, não devem ser julgados isoladamente, mas a luz das atitudes que a humanidade, como um todo, assumiu ao longo daqueles séculos, independentemente de onde o homem estava ou da função que exercia, porque em cada um dos seus momentos refletiu o degrau que até então este alcançara na escada da sua evolução a partir do ponto “zero”. A fase hominídea.
Contudo, muito distante ainda estamos do momento em que do futuro, poderemos olhar o passado e julgá-lo, porque nossos atos, como atestam diariamente os jornais do mundo, mesmo se estamos no século XXI, continuam sendo tão abomináveis como os que foram historiados até agora nessas paginas.
Mesmo o Papa Wojtyla, ou melhor, João Paulo II, aquele que foi chamado o Papa que pede perdão, não foi uma exceção à regra:
· No dia 22 junho de 1996, em Paderbon, na Alemanha, a respeito da reforma de Martim Lutero e a separação com as igrejas evangélicas disse:
Hoje, 450 anos depois da morte de Martim Lutero, o tempo que passou permite compreender melhor a pessoa e a obra do reformador alemão e ser mais equânime com ele....A solicitação de reforma da igreja feita por Lutero, no seu intento originário, era um apelo a penitencia e a renovação. Muitos são os motivos pelos quais daquele inicio chegou-se posteriormente a cisão. Entre estes a não correspondência da igreja católica. Estes dizeres, com certeza, não são um pedido de perdão.
· No dia 14 de setembro de 1987 em Phoenix, Usa, a respeito do sofrimento infligido pela igreja aos índios durante a conquista da América disse: É necessário reconhecer a opressão cultural, as injustiças, a destruição da vossa vida e das vossas sociedades tradicionais....Contudo, não todos os membros da igreja agiram de acordo com as responsabilidades cristãs.
· Em relação às estas três questões cruciais - o caso Galileo Galilei - a relação entre a fé e a ciência, o anti-semitismo e a inquisição, João Paulo II limitou-se a constituir uma comissão de estudo para reexaminar o comportamento da igreja:
No primeiro caso, ou seja, Galilei, a comissão chegou a conclusões que trouxeram uma substancial reabilitação de Galilei, falando de uma “trágica recíproca incompreensão”, “doloroso mal entendido” e “erro dos teólogos daquele tempo”.
Substancial reabilitação de Galilei? Quem errou não foi ele, mas a igreja, e só não cometeu um erro maior porque o cientista, entre defender sua tese e salvar sua vida, escolheu a segunda opção.

Em relação aos dois outros casos, quem se manifestou foi o padre Georges Cottier, teólogo da casa pontifícia, dizendo: as premissas indicam que é desejável um exame histórico tendendo a uma conversão.
Outros posicionamentos do Papa João Paulo II através da igreja:
· No dicionário “Lexikon - Termini Ambigui e Discussi su Famiglia, Vita e Questioni Etiche” - Dicionário dos Termos Ambíguos e Discutidos sobre a Família, Vida e Questões Éticas - organizado pelo Conselho Pontifício para a família - um dos braços da Cúria Romana - entre as inúmeras “situações” que a igreja tenta impostar, encontram-se as seguintes:
-No verbete dedicado ao sexo seguro é decretado que ele não existe, e a intenção, claro, é censurar o uso de preservativos e outros métodos contraceptivos artificiais, para recomendar a abstinência total para aqueles que não são casados, e para estes, quando o objetivo não é procriar.
O autor do verbete descarrega um anátema contra a camisinha afirmando que ela reduz apenas em 10% o risco do contrair Aids em uma relação, quando, estatisticamente falando, o risco de contagio com o preservativo é reduzido para 1%.
O responsável por esta cruzada da insensatez, já condenada pela Organização Mundial da Saúde, é o Cardeal colombiano Alfonso López Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para a família e idealizador do Lexikon. Afirma que o vírus do HIV é, mais ou menos, 450 vezes menor do que o espermatozóide, e um espermatozóide pode facilmente passar pelo tecido com que é fabricada a camisinha.
O capitulo mais assombroso, contudo, é o que pondera a respeito dos homossexuais. Após tergiversar inconclusivamente, conclui que a homossexualidade é um conflito psíquico não resolvido que a sociedade não pode institucionalizar.
É pertinente lembrar que a Organização Mundial da Saúde há mais de dez anos retirou a homossexualidade da classificação internacional de enfermidades.
O sexo, que a igreja rotula de pecado quando fora da intenção de gerar novas vidas, está por trás da obrigatoriedade do celibato do clero. Este, como as águas indevidamente retidas, em um determinado instante extravasam causando indescritíveis tragédias: os escândalos dos padres pedófilos.
A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos divulgou recentemente dados preliminares de um relatório sobre acusações de abuso sexual envolvendo padres americanos. Segundo os dados pesquisados, 4450 representantes da igreja foram denunciados por abuso e mais de 11000 acusações foram registradas no período de 1950 a 2002. Concomitantemente ao documento que condena o casamento entre homossexuais, a igreja condenou a adoção de crianças por estes pares.
Contudo, se é inconteste que o amor é o sentimento que se responsabiliza pela união de duas pessoas, e se é verdadeiro que instintivamente após o ajuntamento as duas desejam se perpetuar, mesmo recorrendo à adoção quando seus corpos estão impossibilitados de se fertilizarem, porque negar a adoção aos casais homossexuais?
Será que os milhões de crianças desamadas, abandonadas ou retidas nos orfanatos ao redor do planeta, não encontrariam o carinho e o aconchego que carecem se fossem envolvidas pelo amor destes pares?
Em uma de suas ultimas declarações o santo padre esclareceu que os homens, ao domingo à tarde, ao invés de freqüentar estádios de futebol, deveriam freqüentar as igrejas para se manterem mais perto de Deus! Hora, isso não contraria o que é ensinado pela doutrina cristã quando diz que Deus é onisciente e onipresente?

A igreja católica decidiu adotar uma medida extrema para inibir os escândalos sexuais envolvendo padres: dificultar a ordenação de homossexuais. A decisão já foi tomada pelo Papa Bento XVI, de acordo com fontes do Vaticano, mas só deve ser anunciada oficialmente nas próximas semanas. Como parte da nova política, a ser aplicada em todo o mundo, uma equipe de religiosos será enviada pelo Vaticano para investigar cada um dos 229 seminários dos Estados Unidos em busca de “indícios de homossexualismo”. A intenção é entrevistar cada um dos 4500 seminaristas e submetê-los a um questionário de cinqüenta perguntas, no qual deverão expor sua opção sexual e sua opinião sobre o celibato.
As novas regras determinam que sejam excluídos todos os seminaristas que admitam ser homossexuais, mesmo que se comprometam a manter a castidade “A questão são as tentações especificas dos seminários, em que só há homens” diz o padre Robert Silva, presidente da federação dos padres americanos. Diferentemente dos seminaristas, os padres não serão expulsos, desde que respeitem o voto da castidade.
Padre Silva diz que membros importantes da hierarquia católica americana estão tentando dissuadir o Vaticano de divulgar o documento, sob o argumento de que iria criar mais problemas do que soluções entre o clero.
A igreja católica considera o homossexualismo uma depravação grave. Um documento do Vaticano, de 1961, recomenda que seminaristas com “inclinações perversas á homossexualidade ou pederastia”, não sejam ordenados padres. A igreja católica nos Estados Unidos nunca seguiu à risca ou de modo uniforme essa determinação. Em muitos seminários não há restrições para candidatos a padre que admitem abertamente ser gay.
Não é apenas por isso que os seminários americanos estão recebendo atenção especial do Vaticano. Uma enxurrada de denuncias de abusos sexuais envolvendo sacerdotes, sobretudo casos de pedofilia, mergulhou a igreja católica dos Estados Unidos na maior crise de sua historia.
Só no ano passado foram 1092 acusações contra 756 padres. A maioria dos casos tinha ocorrido anos antes, mas só agora as vitimas tiveram coragem de denunciar os sacerdotes. Boa parte dos processos foi resolvida com o pagamento de indenizações que custaram à igreja um bilhão de dólares. Pior para o prestigio da igreja foram às revelações de que no ano passado muitos padres acusados usufruíram a proteção de bispos e cardeais e, em muitos casos, a única punição foi a transferência para outra paróquia. Esse foi o caso do padre John Geoghan, finalmente condenado pelo abuso de 130 crianças.
Fonte: revista Veja de 28 de setembro 2005
Dogmas:
· Ano 310: Começa-se a orar pelos mortos.
· Ano 320: Começa-se a usar velas nas igrejas.
· Ano 325: É oficializada a oração “o credo” - Regula Fidei.
· Ano 416: É instituído o batismo para os recém nascidos.
· Ano 431: Maria, a mãe de Jesus, começa a ser cultuada, depois de ter sido decidido no concilio de Trento que ela concebeu virgem.
· Ano 503: È instituída a existência do purgatório - a igreja passa a cobrar para que as almas sejam perdoadas e sigam para o paraíso.
· Ano 783: Inicia-se a veneração das imagens.
· Ano 830: Passa a ser utilizada a água benta.
· Ano 933: É iniciada a canonização dos santos.
· Ano 1074: É instituído o celibato
· Ano 1190: São criadas e negociadas as indulgências.
· Ano 1208: Começa a ser elevada a hóstia para adoração.
· Ano 1215: Papa Inocêncio I institui a transubstanciação.
· Ano 1216: Instituída a confissão.
· Ano 1221: Os Dominicanos criam a oração “Salve Rainha”.
· Ano 1317: Foi escrita e difundida pelo papa João XXII a oração Ave Maria.
· Ano 1854: O papa Pio IX declara a “Imaculada Concepção” de Maria, a Mãe de Jesus. Não que tenha sido concebida virgem, mas sem o pecado origina.
· Ano 1879: Infalibilidade papal.

“Existe uma anedota medieval sobre um judeu que faz uma viagem até a corte pontifícia e se converte ao catolicismo. Na sua volta, um sujeito que conhece bem o ambiente papal pergunta-lhe se ele fazia idéia do que acontecia por lá. ”Sim, é claro”, responde o primeiro, “vi todas aquelas coisas escandalosas.”
“E ainda assim você se tornou católico!? É um contra senso”, espanta-se o outro.
Replica o judeu convertido: “Justamente por isso me tornei católico. Porque, se a igreja continua a existir apesar de tudo, então deve haver de verdade alguém que a mentem de pé”.
Também se conta que Napoleão disse uma vez que aniquilaria a igreja. Um cardeal, então, teria respondido: “Mas nem mesmo nos fomos capazes de fazê-lo!”
Agora vamos conhecer um dos muitos pensamentos do papa Bento XVI: “As religiões são consideradas todas equivalentes”. Mas isso é falso. Existem, de fato, formas religiosas degeneradas e corruptas, que não edificam o homem, mas o alienam; a critica marxista à religião não era de todo vazia, e também religiões nas quais se deve reconhecer uma dimensão moral e uma correta colocação no caminho da verdade.
No hinduismo existem aspectos formidáveis, mas também aspectos negativos. E o Islã, apesar de toda a sua grandeza, corre sempre o risco de perder o equilíbrio, dando espaço a violências e deixando a religião escorregar para a exterioridade e o ritualístico”.
A formula encontrada pelos grandes teóricos do ecumenismo é que devemos ir adiante, prosseguir no nosso caminho. Não se trata de propor anexações, mas de esperar que o Senhor desperte a fé em todos os lugares e ofereça uma meta comum aos seus diversos caminhos, para que desemboquem numa só igreja.
Como católicos, estamos convencidos de que esta igreja única já existe em sua forma fundamental na igreja católica, mas pensamos que também esteja num caminho em direção ao futuro “.
No entanto, o que acontece no mundo - especialmente na Europa que foi o berço do cristianismo - demonstra que o pensamento do papa está muito aquém da realidade, porque no tempo a freqüência dos fieis nas igrejas é cada vez menor.
País % dos católicos que vão à igreja
Holanda 10%
França 12%
Áustria 15%
Espanha 18%
Itália 25%
Portugal 27%
Irlanda 44%
Polônia 50%
A Alemanha, terra natal de Bento XVI, oferece um bom exemplo de como isso ocorre. Pesquisa realizada nas maiores cidades do país mostrou que menos da metade dos cristãos praticantes seguem as orientações morais de suas igrejas. O catolicismo divide com o protestantismo luterano a preferência religiosa dos alemães. Há 26.2 milhões de católicos e 25.8 milhões de luteranos. Somados, eles representam quase dois terços da população. Ambas as religiões são atormentadas pela evasão de fieis. A igreja católica perde 120.000 fieis por ano. A luterana perde 100.000. Na Alemanha, esses números podem ser calculados com segurança porque os fieis pagam um imposto religioso, recolhido pelo governo e repassado às igrejas. Quem quiser suspender a contribuição – que representa 10% do que é pago em imposto territorial e de renda para o Estado - deixa oficialmente de ser membro da igreja. O “imposto de igreja”, criado no século XIX, foi incorporado à constituição da Alemanha depois da II guerra.
“A pergunta que os alemães fazem é para que, afinal, eles precisam da igreja”, disse a Veja o teólogo alemão Medard Kehl, professor da Faculdade Filosófica e Teológica de Frankfurt, na Alemanha. “A conclusão é muitas vezes a de que estão pagando apenas para comemorar o Natal de cada ano e celebrar o casamento uma vez na vida. Se for assim, não há razão para continuar a ser membro da igreja”. Nas ultimas duas décadas, o Vaticano foi especialmente severo com a ala mais liberal da igreja católica alemã. O cardeal Ratzinger, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, foi o ideólogo de boa parte dessas medidas. Na década de 90, exigiu obediência dos teólogos alemães às instruções de ensino determinadas por Roma. Há tres anos, o papa João Paulo II proibiu as paróquias alemãs de manter centros de aconselhamento de gestantes, uma atividade que era subsidiada pelo governo da Alemanha. Quase 300 centros foram fechados com o argumento de que estavam facilitando o acesso das mulheres grávidas ao aborto legal. E, há dois anos, um padre católico foi suspenso por dar a comunhão a 2000 pessoas em uma igreja protestante onde realizou uma missa ecumênica. Bento XVI sabe das dificuldades que enfrentará em sua terra natal. Em uma entrevista publicada no livro “O Sal da Terra”, de 1997, ele disse sobre a Alemanha: “Aumenta, por todos os lados, a divisão interior da igreja e o desinteresse pela fé”.
Fonte: revista Veja de 27 de abril 2005

Nos últimos meses de 2005 a cantora baiana Daniela Mercury, declaradamente católica, foi contratada pelo Vaticano para participar do concerto do Natal daquele ano, mas, quando os organizadores do evento souberam que Daniela, no Brasil, havia participado de uma campanha para estimular o uso da camisinha, por ser uma atitude desnaturada aos olhos da igreja, foi demitida. Isso porque não obstante o vertiginoso incremento da AIDS entre os heterossexuais, ela continua proibindo a adoção desta profilaxia. Este é um lado da sua moeda. Do outro, está o exercito de padres pedófilos que continua tentando ocultar

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