segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

(14)- O IMPÉRIO DE TRAJANO, DIOCLECIANO E CÔMODOV

Ao longo do II século, em seqüência ao crescente processo de unificação do império, Roma perdeu seu caráter centralizado. Os imperadores destes anos, por não terem descendência, escolheram como seus sucessores pessoas efetivamente capazes, evitando, deste modo, dissidências internas e conjuras palacianas. Por estes motivos o império neste período alcançou sua fase máxima.
Trajano conquistou a Dácia e transformou toda a Mesopotâmia em uma província Romana, enquanto Adriano fortaleceu as fronteiras da Grã Bretanha. Mas, sob Marco Aurélio, a força do império declinou: as tribos germânicas dos Quados -que habitavam a Moravia atual, e os Marcomanos - aparentados com os suevos, invadiram a Itália. Houve guerras, e a paz foi assinada por Cômodo.
Depois de 42 anos de reinado da dinastia dos Severos, o império, por longos cinqüenta anos se manteve em um estado anárquico e amórfico, mesmo se nesse período se sucederam 21 imperadores. A economia entrou em crise e a cultura clássica declinou diante das novas doutrinas filosóficas, e pela difusão do Cristianismo. Coube a Diocleciano, imperador a partir de 284 d.C., a tentativa de recuperar o império.
Após a deposição de Domiziano, os conjurados proclamaram imperador o ancião senador Nerva, e este restaurou as finanças e iniciou uma política assistencial a favor das classes menos favorecidas, comportamento este que viria a caracterizar a atitude dos imperadores do II Século.
Nerva, em 97, adotou, designando-o seu sucessor, Trajano, comandante das tropas sediadas na Alemanha superior. De família senatorial e de origem espanhola (primeiro imperador não itálico), Trajano tornou-se imperador em 98 quando Nerva faleceu.
Na política externa entre 101 e 105 combateu os dacios, forçando-os a aceitar a paz, transformando a Dácia em província romana. Entre 114 e 116, depois de algumas vitórias, converteu também a Armênia e a Mesopotâmia em províncias romanas.
Governou em harmonia com o Senado e promoveu uma série de providências de caráter social, entre as quais, o perdão dos débitos em atraso relativos aos tributos que as províncias não haviam conseguido pagar, organizou uma caixa econômica para financiar os pequenos agricultores, e instalou inúmeras obras de estilo assistencial na Itália, na Espanha e na África. O custo destas obras, adicionado as grandes despesas militares, todavia, agravou a situação financeira do Império.
Atingido por uma grave enfermidade, Trajano morreu em Selinunte, na Cilícia (região situada no sudeste da Anatólia, Turquia), durante o percurso para retornar a Roma. Para sucedê-lo foi designado seu neto adotivo, Adriano. Este, consciente dos riscos que correria se tentasse expandir o império, preferiu consolidar as conquistas de Trajano, seu antecessor.
Na Grã-bretanha fez construir o Valo de Adriano (uma muralha defensiva de 117 Km. de extensão para defender à província das incursões dos povos setentrionais), e dentro do império favoreceu a colonização das terras incultas e aumentou a eficiência dos funcionários como um todo. Realizou inúmeras viagens de inspeção, cultura, e recreio nas diversas províncias do império, e entre os anos 132 e 135 reprimiu a rebelião hebraica de Simão Bar Kocheba.
Cultor de filosofia, poesia e arte, contribuiu para concluir a fusão da cultura romana, promoveu muitas obras arquitetônicas e se manteve tolerante com os cristãos.
Adriano em 138 foi sucedido por seu filho adotivo, Antonino Pio. Administrador eficiente, concedeu desagravos fiscais, impulsionou a malha estradal e a construção em geral, além de praticar, com convicção, a velha e tradicional religião romana (desta prática deriva o sobrenome pio). Na Grã-bretanha fez construir o Valo de Antonino.
Depois dele, foram nomeados imperadores os irmãos Marco Aurélio, este filho adotivo de Antonino Pio, e Lúcio Vero.
Em 165 os Partas invadiram a Síria e as fronteiras do império foram invadidos pelas tribos germânicas dos Quados e Marcomanos. Estes últimos voltaram a ser rechaçado entre 167 e 168 pelos dois imperadores. Lúcio Vero morreu em 169 e Marco Aurélio permaneceu como imperador.
No ano 175 foi ao Oriente para reprimiu a revolta de Avídio Cássio, que havia feito se proclamar imperador, e ao retornar a Roma celebrou o triunfo sobre as tribos germânicas, associando, logo depois, seu filho Lanúvio Comôdo ao poder com o amparo do Senado.
Na política interna, sempre com o aval do Senado, fortaleceu as finanças e desta forma conseguiu sustentar as acentuadas despesas militares que estavam ocorrendo. Em relação à religião, não tolerou os cristãos e os perseguiu. Homem de cultura, seguidor da filosofia estóica, escreveu uma importante obra composta de doze livros chamada “para si mesmo”, onde expôs os aspectos morais do estoicismo. Morreu de peste na fronteira com o Danúbio onde havia ido para enfrentar mais uma tentativa de invasão dos germanos.
Lanúvio Comôdo o substituiu com apenas dezenove anos e, diferentemente do pai, instaurou imediatamente uma violenta repressão contra o Senado. Odiado pela classe militar por ter pactuado a paz com os Quados e Marcomanos, acabou vitima de uma conjura planejada por Leto, o prefeito do Pretório, em 192.
Quando Comôdo morreu, o Senado elegeu o general Elvio Pertinax que, 87 dias depois, foi assassinado pelos pretorianos para substituí-lo por Dídio Juliano. Este permaneceu imperador até que o exército romano, acampado no Danúbio, em 193 proclamou imperador seu comandante Sétimo Severo.
Sétimo Severo guerreando os Partas conquistou Ctesifonte (cidade Assíria as margens do rio Tigre, residência invernal dos reis e depois dos Cassanídas), e entre 199 a 202 reconstruiu a província da Mesopotâmia.
Para sanear a crise econômica interna, centralizou o sistema das corporações que era responsabilidade do Estado, e diminuiu pela metade a quantidade de prata que era utilizada para cunhar moedas. Esta decisão lhe permitiu, utilizando a mesma quantidade de prata, emitir mais moedas.
Em Roma se manteve no poder através do terror e favoreceu os cultos orientais. Ao morrer, foram nomeados imperadores seus filhos Caracala e Geta, este último assassinado pelos pretorianos.
Caracala em 213 tentou obter favorecimento político através da expansão do império em detrimento dos Alamanos (membros da confederação das tribos germânicas sediados ao longo do Reno), e fazendo-se objeto de exaltação religiosa. Sua passagem pelo império foi assinalada pela “Constitutiuo Antoniniana” que em 212 estendeu a todos os súditos do Império o direito de cidadania romana, e pela construção, em Roma, das Termas de Caracala. Morreu em conseqüência de conjura movida pelo prefeito do pretório, Macrino, que o sucedeu em 217, depois que ele mandara matar mais de 20.000 pessoas.


Planta das termas de Caracala Ruínas das termas de Caracala Arte das ter. de Caracala

Morto Macrino, o poder voltou aos Severos através do jovem Heliogábalo. Sacerdote do deus Sol em Êmeso (cidade da Síria as margens do Oronte célebre pelo seu templo do Sol), não economizou energias para promover em Roma a sua religião. Em verdade, fez construir inúmeros templos aos deuses de tradição Egípcia.
Excedendo-se em extravagâncias, foi morto pelos Pretorianos em 222 e substituído pelo primo Alexandre Severo. Este, mesmo procurando conciliar-se com o Senado, devido à sua tendência pacifista, foi morto pelos militares em 235.
Os militares então elegeram imperador um centurião chamado Maximo (o primeiro imperador de origens humildes), e depois dele, morto por uma conspiração do Senado entre os anos 238 e 284 - período da anarquia militar - o poder passou pelas mãos de 21 imperadores dos quais 19 foram assassinados.
O Estado estava decaindo: grupos germânicos invadiam as fronteiras do império, e no Oriente a dinastia dos sassânidas (descendentes dos persianos), pressionava.
Ao longo do reinado de Galieno - 253-268 - algumas regiões que haviam se organizado autonomamente, mesmo permanecendo fiéis ao império, conseguiram conter o avanço inimigo. Deste modo, as fronteiras entre o Reno e o Danúbio foram restabelecidas.
A anarquia militar deste período foi interrompida pelos imperadores ilíricos, assim chamados porque eram todos originários da Dalmácia -região da Iugoslávia. Valentes guerreiros que, além de impor a mais rígida disciplina até então conhecida pelos exércitos romanos, permaneceram fiéis aos ideais de Roma. Entre eles os principais foram:
· Cláudio II, chamado o Gótico - 268-270 - pelas suas vitórias sobre os Gotas e os Alamanos.
· Aureliano, - 270-275 - que continuou a obra de seu predecessor, além di cintar a cidade de Roma com altas muralhas: muralhas Aurelianas.
· Probo, - 276-282 - e Caro - 282-283 - que continuaram a defender o império contra as invasões bárbaras que se tornavam cada vez mais freqüentes.
A retomada definitiva teve inicio com Diocleciano. Imperador desde 284, dividiu o poder com Maximiliano a quem confiou a tarefa de governar o ocidente.
Domada uma rebelião no Egito, Diocleciano dedicou-se a reorganizar o império. Repartiu o território em doze dioceses, cada uma com mais do que uma província, e tentou consolidar as finanças estabelecendo um teto para os preços e os salários, além de impor uma dupla taxação, ou seja, um imposto sobre a propriedade e o outro sobre a pessoa.
Em 293 criou a chamada tetrarquia, em base a qual o poder foi dividido entre dois “augustos”: ele mesmo e Maximiliano, e dois “Cezar”, os que haviam sido designados para sucedê-los que eram Galério - genro de Diocleciano e Constâncio Cloro - pai de Constantino I.
Dez anos depois, em 303, diante da oposição suscitada pela sua tentativa de se divinizar como imperador, elaborou uma série de editoriais com o objetivo de perseguir os cristãos. Em 305, enfermo, ele e Maximiliano abdicaram do poder em favor dos dois Cezars.

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